A alta informalidade é um dos maiores gargalos para o desenvolvimento do nosso setor, e uma das formas que temos de combatê-la é estimulando, entre consumidores e fabricantes, a cultura da garantia da joia e da matéria-prima. Em muitos países da Europa, a certificação do teor de ouro na peça, realizada por grandes institutos de referência, é obrigatória para todas as joias. Por aqui, ainda estamos distante deste cenário, mas um passo importante foi dado com a oferta do serviço de verificação de titularidade da joia pelo Laboratório de Joias do Senai.
O avanço está na tecnologia empregada, a espectrometria por fluorescência de raio X. Trata-se de um equipamento de ponta, mas que tem um processo muito simples de funcionamento. Em pouco minutos, a peça é examinada, emitindo um gráfico que indica todas as concentrações de metais da liga, incluindo a proporção exata de ouro fino na amostra. É um método não destrutivo e que está disponível para o público por um custo bem acessível. Os parâmetros do equipamento foram testados ao longo de um ano por meio de pesquisas interlaboratorias entre o Laboratório de Joias e o Cetem, fornecendo resultados precisos.
Além do desenvolvimento tecnológico, vejo o advento do serviço como uma forma de profissionalizar o setor. Enfrentamos a concorrência desleal de muitas indústrias de fundo de quintal que burlam seus clientes, justamente porque sabem a dificuldade que representa para o consumidor ter certeza de que a quantidade de ouro utilizada na liga é exatamente aquela que está comprando. Da mesma forma, alguns fabricantes também se sentem vulneráveis em relação ao material de determinados fornecedores. Antes, não tínhamos ferramentas simples para confrontar essa situação , mas, agora, com a inauguração do serviço, basta levar a peça para análise e, se não estiver de acordo com o que foi encomendado, reclamar por seus direitos.
Claro que, para combater a informalidade, dependemos também de outras ações mas se cada um de nós se comprometer a não aceitar adulterações, podemos ganhar esta batalha. Combater a informalidade é uma forma de proteger tanto o consumidor, quanto o empresário correto e honesto, que paga seus impostos, emprega bons profissionais e preza pela qualidade de seus produtos.
*Mais do que uma escola, o Laboratório de Joias, fruto da valiosa parceria desenvolvida com a Firjan nos últimos anos se consolida como um centro de referência para o nosso setor, sendo um local de pesquisa a oferecer o serviço de análise por espectrometria no Rio de Janeiro e também outros serviços tecnológicos relevantes para a indústria*.* Para tanto, ele conta com o certificado de competência técnica, o que permite a emissão de laudos da titularidade da joia. Em parceria com o Cetem, as equipes continuam trabalhando para conseguir também a acreditação internacional, o que eu tenho certeza que virá em breve. Ter esta tecnologia disponível para que o fabricante possa certificar a qualidade do material com que está trabalhando, assim como o consumidor final, é algo extraordinário. Sem dúvida, um enorme ganho para todos nós, empresários e consumidores de joias.